Lições do imperialismo (Artigo de jornal)

Onde fica a capital do Brasil? Em Buenos Aires. Este relato faz parte do anedotário cômico sobre a ignorância dos cidadãos norte-americanos com relação ao mapa geopolítico mundial. Outro relato, recente, é de um soldado nova-iorquino, de 19 anos, no Afeganistão. Ele pegou a guitarra e começou a cantar: ‘Que diabos estou fazendo aqui? Eu não pertenço a este lugar'”. Tais relatos revelam as distâncias que separam os horizontes imaginários do cidadão norte-americano médio e os interesses imperiais do governo e das grandes empresas daquele país e ligadas à indústria de armas, de finanças, de mineração e de agronegócio. Os primeiros, os cidadãos, preocupados com a existência ordinária no cotidiano, os segundos, os “donos do poder” com a segurança estratégica e militar dos norte-americanos em outras áreas do globo.

A política dos Estados Unidos expressa estas divergências entre um olhar nacionalista e outro pragmático, bem sintetizado por D. Trump com seu lema “America first”. As derrotas no Vietnam e no Afeganistão não resultaram apenas das insurgências das populações dos países em guerra. Elas também expressam as reações dos cidadãos norte-americanos que não suportam ver vídeos de jovens soldados chorando e pedindo para que não deixem eles serem decapitados. Mas há outra estratégia de defesa dos interesses imperiais dos Estados Unidos que é mais sutil.

Em vez de guerras barulhentas e caóticas, cria-se uma invasão silenciosa pela destruição da soberania nacional de outros países. A cooptação das elites locais e de elementos da burocracia como ocorreu no Brasil com o caso da criminalização arbitrária de Lula pela “Lava Jato“, revela a eficácia desta via de sabotagem do poder. Mas os resultados são os mesmos nas estratégias barulhentas e silenciosas: a destruição de programas soberanos de modernização nacional e de inclusão social em outros países com o único objetivo de facilitar os interesses das grandes empresas. Este é um problema antigo na região e que explica o que significou como esperança política no Brasil a campanha do “petróleo é nosso”, no pós guerra.

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Imagem do Twitter

Você está comentando utilizando sua conta Twitter. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s

Um site WordPress.com.

Acima ↑

%d blogueiros gostam disto: