Com a “desglobalização”, o mundo está em busca de saídas. H. Kissinger, ex-secretário de Estado dos EUA vê três saídas para a guerra na Ucrânia: na primeira, o conflito se encerra com a vitória da Rússia, que ficaria com o controle das áreas invadidas; na segunda, os ocidentais tentam expulsar os russos da Criméia, o que pode fazer escalar o conflito; na terceira, a Ucrânia aceita se tornar um Estado neutro e desarmado, e o jogo é soma zero.
O Brasil também conhece três saídas. A primeira chamaremos de Via Neocolonial. Nesta, o Brasil continua a sofrer forte desindustrialização com privatização e internacionalização de empresas estatais e recursos naturais e estratégicos. O poder passa a ser gerido por um pacto globalista formado pelas oligarquias do agronegócio, do sistema financeiro e do sistema político. A questão social é reduzida a um caso de polícia.
A segunda via denominaremos de Via Chavista. Aqui, o Brasil conhece transição que lembra a Venezuela de Chaves com formação de uma oligarquia político-militar de fortes traços corporativos que assegura sua sobrevivência mediante controle e apropriação dos recursos financeiros estatais. Esta oligarquia também negocia com os setores econômicos em troca de favores e serviços diversos entre Estado e Mercado. Bolsonaro como Chaves foi militar e ambos apresentam uma verve populista e autoritária.
A terceira chamaremos de Via Pós-Desenvolvimentista. Nesta, o Brasil procura fortalecer a soberania nacional e a tradição diplomática de neutralidade no plano internacional, negociando de modo mais igual com EUA, Europa e China. O pós-desenvolvimento implica a reorganização administrativa do poder estatal para favorecer o empreendedorismo econômico, tecnológico e ecológico diversificado no território e políticas de cidadania com inclusão social. Os discursos de Lula e Ciro se aproximam desta alternativa. O sucesso desta passa, contudo, pelas possibilidades neutralizar as forças antidemocráticas, evitando o sequestro do político seja pelos conservadores autoritários, seja pelos neoliberais oportunistas.
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