Estado-nação é um modelo de gestão do poder que foi organizado a nível mundial, atendendo às necessidades de expansão do sistema capitalista. A experiência histórica da América Latina é muito apropriada para se refletir sobre os limites e possibilidades deste modelo.
A empresa colonial sob controle de Portugal e Espanha revelou, desde o início, preocupação em articular estrategicamente os interesses mercantilistas, religiosos e aqueles imperiais das duas Coroas. Em seguida, esses interesses se desdobraram em amplos processos de colonização territorial com formação, por um lado, de oligarquias ligadas à propriedade da terra, à expansão do cristianismo e à organização do aparelho estatal (colonial e pós-colonial). Por outro, surgem uma série de atividades econômicas, políticas, culturais, artísticas, científicas entre outras que de uma forma imprecisa chamamos de “sociedade civil”.
Estado-nação é, pois, uma função sintática de um amplo processo de expansão global de uma civilização mercantil que conheceu várias adaptações de acordo com as exigências impostas por diferentes sistemas históricos e culturais que foram objeto da Ocidentalização do Mundo. Mas esses Estados-nação são tudo menos sistemas homogêneos. No caso da América Latina, quando observados com lentes mais precisas o que se percebe é a presença de uma série de processos diferenciados e hierarquizados que se superpõem numa mesma unidade que chamamos de país. As lutas e pactos pela organização do poder no território são decisivas. Estas lutas e pactos se espalham no plano vertical desde o poder local até o central, e no plano horizontal, entre corporações, classes, etnias, gêneros e grupos diversos. Na esfera do que chamamos poder estatal, as lutas pelo controle das riquezas públicas contribui para o surgimento de vários presidentes.
No Brasil, o mais importante é o eleito pelas urnas, agora Lula. Mas este nada pode fazer sem acordo com aqueles do Senado, da Câmara e, agora, do Banco Central. Aqui a democracia encontra seus limites práticos nos interesses corporativos e privados.
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