O declínio do império americano (Artigo de Jornal)

26.08.2023 | O Povo

Na película O declínio do império americano dirigido por D. Arcand, em 1986, os personagens realizam auto-avaliação de suas existências, revisando temas como moral, sexo e liberdade. O assunto central era a decadência moral do império do Tio Sam marcado por individualismo e angústias. Passados mais de 30 anos, os receios se confirmam com a crise de legitimidade do poder norte-americano num mundo multipolar. O país se converte progressivamente numa grande indústria de armas bélicas para financiar guerras.

É evidente o empobrecimento, mal estar e perda de qualidade de vida dos cidadãos. Para o economista M. Hudson, importante crítico do modelo neoliberal estadunidense, a hegemonia do capitalismo financeiro especulativo está inviabilizando as grandes empresas, pois os acionistas não se preocupam mais em investir na produção e na segurança do trabalho. Hoje, diz ele, “92% dos ganhos corporativos em termos de fluxo de caixa nos Estados Unidos são gastos na recompra de ações ou no pagamento de seus dividendos para aumentar o preço das ações.

Portanto, as corporações não ganham mais dinheiro contratando mão de obra para produzir bens (ou serviços) para vender com lucro”. O pior é que os capitalistas norte-americanos buscam exportar este modelo de financeirização neoliberal para outros países, arruinando as economias periféricas. Sobre o caso brasileiro, diz Hudson que as tentativas de mudar a política econômica para por comida na mesa pode encontrar reações contundentes de rentistas e bilionários que se sintam contrariados por políticas redistributivistas. E complementa: “Vocês estão vivendo o equivalente a uma sociedade feudal, mas em vez de latifundiários, vocês têm financistas”.

O desafio de governabilidade no Brasil é assustador quando entendemos ser necessário se reverter politicamente a influência do império da especulação financiado por dólar sem lastro. Como promover a soberania nacional necessária para a democracia num contexto em que a presença dos Estados Unidos na região não tem compromisso com o desenvolvimento social e o combate à pobreza?

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