Trajetória de um sociólogo entre os mundos da província e da cosmópolis (Entrevista)

Entrevista realizada com Paulo Henrique Martins pelas professoras Jânia Perla Diógenes de Aquino e Mariana Mont’Alverne Barreto Lima, em 05 de abril de 2018.

Link para a entrevista: http://www.periodicos.ufc.br/revcienso/article/view/33464

Referência: Aquino, J. P. D. de, & Lima, M. M. B. (2019). Trajetória de um sociólogo entre os mundos da província e da cosmópolis. Revista De Ciências Sociais, 50(3), 375-420. https://doi.org/10.36517/rcs.50.3.e01

Excerto:

J.A./M.B.: Sua trajetória é muito peculiar, pouco convencional…

P.H.M.: Sou um sobrevivente. Eu tenho um sonho desde pequeno, um sonho que durou toda a minha adolescência chegando à vida adulta. Eu corria e um abismo se abria atrás de mim. Não é interessante?! É exatamente isso que aconteceu com a economia açucareira. É como eu a percebia nos anos 70. Se eu ficasse ali, ia ser tragado pelo abismo. Aquela história da reforma modernizadora e da racionalização técnica pela fusão de usinas escondia muitas manobras financeiras, muitos jogos de poder voltados para deixar as coisas como estavam; não havia nenhuma modernização técnica de fato, nem mudança na cultura gerencial. Os efeitos negativos dessa modernização problemática se evidenciaram a partir dos anos de 1980, com fechamento de usinas e brigas familiares. A nossa chamava-se Usina Jaboatão. No início se chamava Usina Colônia, em referência ao projeto de colonização com estrangeiros que D. Pedro II tinha pensado para a área e que fracassou. O nome oficial era Indústria Açucareira Antônio Martins de Albuquerque, que era o meu bisavó, coronel Martins, fundador da usina no século XIX. Na República, dizem os boatos, o coronel Martins entrava na fábrica com um chicote na mão. Consta-se que dizia “vocês são homens livres, mas quem tem o chicote sou eu”. Esse era nosso republicanismo, que sobrevive ainda hoje no Brasil.

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